Beja: cidade palco do contar
Entre 22 e 27 de agosto Beja recebe o II Contar, um festival onde a palavra falada é ainda o maior entretenimento do mundo, como desde o princípio
Por João Galvão
No principio era o Verbo. Foi o verbo, a palavra, que nos fez gente, que passou conhecimento, que nos uniu. Para celebrar a palavra contada, a cidade de Beja recebe o CONTAR – Festival de Contos do Mundo e faz do seu espaço urbano e de alguns equipamentos históricos os cenários onde o conto ganhará vida: a Biblioteca, a Mouraria, o Teatro Pax Julia e o Antigo Hospital da Misericórdia.
Nesta segunda edição do Festival a parceria entre a Câmara Municipal de Beja e a Ouvir e Cantar – Associação de Contadores de Histórias, alarga-se ao Centro Unesco para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial e à Santa Casa da Misericórdia de Beja, que abre assim as suas portas para acolher todos os que gostam de ouvir e contar histórias.
Começa a 22 de agosto pelas 18h30 numa conversa aberta com o Mestre Torrão, o homem do Cante como é mais conhecido, onde o tema geral do festival deste ano, o Tempo, nos será apresentado. O Mestre falará sobre esta sua arte, velha, antiga, mas sem tempo, no átrio da Biblioteca Municipal e dará assim a entrada perfeita para o Jantar Narrado, onde serão servidos também Contos. No final, os convivas seguirão para o Centro Histórico onde, pelas 21h30, Há Contos na Mouraria.
A 23 e 24 de agosto Jorge Serafim e Ana Sofia Paiva vão partilhar Histórias que se contam por aí, sendo esta atuação o pontapé de saída das duas residências artísticas que decorrerão até às Palavras Andarilhas de 2018.
Ao longo de todo o festival, as Histórias para brincar com o tempo assomam às manhãs e fins de tarde, dirigidas a pais e filhos, e os Contos para enganar o tempo percorrem algumas IPSSs do concelho, levando jogos de dizer e de contar.
No Antigo Hospital da Misericórdia, as noites frescas convidam a usar um abafo e a escutar as Histórias à margem do tempo, pelas das duplas de narradores que contando se completam: Nicolás Buenaventura, Maria Morais, Maurício Corrêa Leite, Ana Griot, Michèle Nguyen, Antonella Gilardi, Celso Sanmartín, Carles Garcia Domigo e Clare Murphy. São eles que, entre 25 e 27 de Agosto, nos levam pela mão numa viagem por Portugal, Espanha, Itália, Bélgica, Irlanda, Colômbia e Brasil.
Entre 25 e 27 de agosto, O Mercadinho de Coisas Miúdas serve de pretexto para passar o tempo entretidos(as) com conversas dinamizadas à volta de objetos (livros e brinquedos), olhares e memórias. António Parrinha, Rogério Fialho, Armando Horta, Manuel Paula, José Barbieri, Rui Arimateia, Idalina Cacito, Mariana Bicho, Mariana Lopes, Mestre Pica e Joaquim Gonçalves são alguns dos Artífices do Tempo desta edição.
A reflexão sobre o papel da narração e das narrativas na construção e no entendimento do mundo e do outro volta a marcar presença com o programa Narrare Humanum Est, desta vez, oferecendo tertúlias entre narradores que vêm cruzar experiências, certezas e dúvidas sobre isto que nos torna humanos – a capacidade de nos narrarmos.
Se eu quiser falar com Deus e Histórias Bendictas serão o tema das sessões realizadas na capela, enquanto, no Museu da Farmácia, a conversa se faz Entre Mesinhas e Rezas.
Entretanto, no teatro Pax Julia, o festival propõe uma programação de espetáculos narrativos e poéticos que abarca todas as idades: dos mais pequenos, com A Balada das 20 meninas friorentas, de Margarida Mestre; passando pelo jovens, com Vy, de Michèle Nguyen; aos adultos, com Dar à Luz – A aventura do Pensamento. Já a torre de Menagem do Castelo de Beja será o palco do espetáculo The king of Lies, de Clare Murphy.
Mas não só de palavras se faz este festival! Nos jantares narrados confirma-se o lema: No comer e no “contar” o pior é começar, já que serão animados pelos narradores presentes no encontro. Para os dias 22 e 27, inscreva-se através do número de telefone 284311900. Para o dia 23, deverá fazer a sua inscrição diretamente nos restaurante Henry Bar e D. Maria.
Entre 23 e 27 de Agosto, as noites são rematadas com pequenos concertos cantados e/ou dançados com Eduardo Ramos, que nos traz o som do alaúde e da herança árabe em Portugal, os Parapente 700, com músicas e danças europeias, as Moçoilas, com os cantares das serras algarvias, e os Samba sem Fronteira, cujo nome diz tudo.
Fora da cidade de Beja, as Noites d’ir ao fresco acontecerão nas freguesias rurais do concelho. Aqui uma praça, além uma escadaria, acolá um largo, dinamizadas por José Craveiro, Cláudia Fonseca, Ana Santos, Thomas Bakk , entre outros.
O programa do festival dirige-se a público de todas as idades e é completamente gratuito.
Algumas atividades necessitam de inscrição prévia.
Todo o programa em www.contar-festivaldecontosdomundo.com
Inscrições: 284311900 / [email protected]
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