Cascais: Museu do Mar, o recreio de um Rei
D. Carlos era um romântico, com o oceano como paixão, não esquecido pelo Museu do Mar
Foi um típico rei final, enquadrado no sistema mais abrangente europeu das Monarquias Constitucionais do final do século XIX: um homem rico, condicionado na governação e com demasiado tempo nas mãos.
Mas ao mesmo tempo era um curioso natural, um sportsman, cientista amador e no fundo, um bom homem, um artista e um amante do mar e dos oceanos.
Este museu a quem D. Carlos dá o nome e o espírito é verdadeiramente uma boat house, em todos os aspetos, não só na tipologia grácil, pequena, campestre e mimosa de casa de lago. No seu interior está bem demonstrada a relação milenar entre a cidade e o mar, e a própria casa foi de início construída e gizada como o Sporting Club de Cascais, fundado em 1879 pelo próprio D. Carlos, ainda jovem príncipe.
Uma das salas de exposição é-lhe mesmo consagrada, tendo como tema D. Carlos e a Ciência Oceanográfica. O projeto contou com ilustres colaborações nacionais e estrangeiras, como o Aquário Vasco da Gama, o Museu da Marinha, o Natural History Museum of London e o Musée Oceanographique de Monaco. Estas e outras instituições cooperaram para um depósito de longa duração de espécimes pertencentes à antiga coleção oceanográfica do rei curioso das coisas do mundo.
O Museu tem, para além da mostra permanente, exposições temporárias ao tema. De momento e até 9 de dezembro podemos ver as “Algas da Costa Portuguesa que se comem”, da autoria da Mestre em Ilustração Científica Antonieta Pedroso.
D. Carlos foi o penúltimo rei de Portugal, assassinado com um dos filhos, o herdeiro Luís Filipe, por dois ativistas da nova República em 1908, enquanto passava numa carruagem aberta com toda a família no Terreiro do Paço. Este fatídico acontecimento fez parte dos tumultos sociais que varreram o virar do século em toda a Europa, e da revolta mais ou menos generalizada contra as Monarquias.
Não foi apenas um rei do Romantismo, toda a sua família tem historietas e lendas deliciosas parte daquele período literário: a começar na esposa, D. Amélia de Orléans, que se referia ao contestatário e detestado povo como “a piolheira”, e a acabar na sua mãe, a rainha viúva e sem filhos D. Maria Pia, “enlouquecida pela dor das suas perdas, passeando sozinha nos corredores iluminados pelo luar entrando por altíssimos janelões do Palácio da Ajuda, e regando com água as flores tecidas dos tapetes." Sobre texto de FONTES, Vital, “Servidor de Reis e Presidentes”, editado pela Marítimo Colonial, em 1945.
Museu do Mar – Rei D. Carlos
Rua Júlio Pereira de Mello
2750-319 Cascais
Tel: 214 815 906
Crédito foto topo: Magazine da Cidade
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