Museu Maçónico: mistérios desvendados
Ao contrário do que se pensaria, a Maçonaria abre-nos a porta do seu Museu e dá-se a conhecer
Temos todos a ideia de ser a Maçonaria uma sociedade secreta, de acesso reservadíssimo e de obra velada, sobre a qual só sabe quem lá está dentro. Certamente que já foi assim, e a prova de que as coisas mudaram é o facto da associação ter um Museu de acesso público; como disse um antigo diretor da instituição há alguns anos “a Maçonaria não é uma associação secreta, mas discreta”.
O Museu fica no piso de entrada do Palácio Maçónico, em Lisboa, e mostra muitos dos objetos simbólicos usados nos rituais – aventais, espadas, os pilares e os mosaicos do chão, luvas, e os esquadros, compassos e fios-de-prumo que todos associamos àquela sociedade. Mais que para os ver, o Museu serve o intento de dar a conhecer o seu significado e de saber afinal ao que servem nos ideais da Maçonaria.
O edifício em si é parte importante da história e é ele mesmo item do acervo museológico: de todas as perseguições à Maçonaria a mais grave e recente ocorreu em 1935, quando uma lei proibiu as associações secretas. As portas do Palácio Maçónico foram então seladas e o edifício saqueado e confiscado para ser entregue à Legião Portuguesa.
Em 1974, com a Revolução de Abril que pôs fim à ditadura, o espaço foi devolvido à Maçonaria, mas grande parte das decorações maçónicas do palácio e o antigo espólio tinham desaparecido. Foi necessário pesquisar nas instalações da antiga escola da PIDE, na Biblioteca Nacional e nos sótãos do Ministério das Finanças para encontrar algumas das peças e da documentação perdida.
A este espólio recuperado vieram juntar-se outras peças de grande valor para a história da Maçonaria em Portugal, quer por doação quer por aquisição em leilões.
Para saber mais sobre um assunto do qual nada sabíamos, ninguém melhor que o próprio Diretor do Museu Maçónico Português, Fernando Castel-Branco Sacramento, para no-lo contar.
Desde quando existe o Museu?
Desde o ano de 1984.
Porque abriu?
Para transmitir a memória da Maçonaria em Portugal e do trabalho dos maçons na sociedade portuguesa, sustentados pelos valores universais da Maçonaria.
Sendo a Maçonaria uma organização mais ou menos secreta, no mínimo discreta, não parece contraditório existir um Museu aberto ao público?
A Maçonaria é uma sociedade com reserva de participação apenas a iniciados, contudo o legado do trabalho dos maçons na construção das sociedades democráticas de direito da promoção de direitos, liberdades e garantias, da abolição da pena de morte, da abolição da escravatura, consideramos que deverá ser partilhado com a sociedade em geral.
O que destaca o Diretor do Museu para lá vermos?
O legado dos cerca de trezentos anos da presença da Maçonaria em Portugal, peças simbólicas utilizadas pelos maçons e algumas instituições criadas pelos maçons, sobretudo nos finais do século XIX e início do século XX.
Museu Maçónico Português
Rua do Grémio Lusitano 25
1200-211 Lisboa
De segunda a sexta-feira
Das 14h30 às 17h30
Preço €2, e €3 para visitas guiadas marcadas, para grupos com mais de 10 pessoas
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