Rota da Bairrada, quando os opostos se complementam
É a melhor das Rotas: na Bairrada, come-se leitão assado e bebe-se espumante até cair. Depois vamos às termas curar tudo
A vantagem maior da Rota da Bairrada é ser enorme, ocupando boa parte da zona centro do país, do seu longitudinal até ao oceano. À enormidade da mancha geográfica corresponde na mesma medida um mundo de experiências que nos regalam todos os sentidos.
A Rota atravessa os municípios de Águeda, Anadia, Aveiro, Cantanhede, Coimbra, Oliveira do Bairro, Vagos e Mealhada. E é na Mealhada que o sentido do paladar nos levará mais tarde até às termas do resto da Rota. Aposto que nenhum vegan resiste ao aroma de um leitão assado, fumegante a chegar à mesa, regado de manteiga e pimenta e adornado de batatas fritas. Sim, está lá uma salada, mas é só porque verde e vermelho aqui ficam bem, cromáticamente, e há-de haver um conviva que se sirva dela, redimindo-se.
Adega de Cantanhede
Para acompanhar este leitão crocante, a região produz excelentes vinhos, de todos os tipos, mas especialmente os espumantes, premiados um pouco por todo o mundo. Na região DOC da Bairrada produzem-se dois terços dos vinhos espumantes nacionais e para as suas caves e provas a Rota tem também valiosas sugestões de visita.
Biblioteca Joanina, Universidade de Coimbra
Coimbra é a jóia cultural da Rota da Bairrada. Tem um encanto único e indescritível, de cidade boémia de estudantes e de riquíssimo espólio arquitectónico e artístico. A destacar a cidade universitária, das mais antigas da Europa, fundada em 1290, onde se pode visitar uma das mais belas bibliotecas do mundo, a Biblioteca Joanina, uma jóia arquitetónica e decorativa do primeiro quartel do século XVIII.
Não pode perder também o Mosteiro de Santa Cruz, o primeiro panteão nacional, fundado em 1131 e onde repousa o primeiro rei de Portugal, D. Afonso Henriques, nem o Mosteiro de Santa Clara-a-Velha, um dos primeiros momentos da experimentação do gótico nacional. Este é um monumento especial que se tem debatido com cheias intermitentes do rio adjacente, o Guadiana. Nem sabemos como ele é mais belo, se seco e pronto a ser visitado, ou inundado, como num cenário d’A Guerra dos Tronos.
Para alem de tantas atrações patrimoniais (são tantas, este blog não chegaria, consulte-as a todas no site da Rota), os antigos hotéis de charme da região funcionam como uma espécie de património arquitetónico onde se dorme.
São também muitas as proposta incluídas na Rota, mas destacamos dois, pelo charme e pelo encanto de tempos idos e elegantes.
Palace Hotel do Bussaco
O primeiro é o Palace Hotel do Bussaco, considerado como o último palácio dos Reis de Portugal. É uma mescla de estilos, rica, variada e densa, escolha tradicional da época em que o arquiteto Manini, cenógrafo do Teatro de São Carlos, o idealizou, o último quartel do século XIX. Foi mandado construir por D. Carlos I, que deve ter querido seguir os passos dos seus primos românticos alemães, que construíam palácios de fadas nos picos das montanhas, como o Palácio Nacional da Pena, em Sintra, a lembrar coisas do rei Ludwig II da Baviera, ou este, um castelinho encantador, emoldurado por bela e fresca floresta.
Curia Palace Hotel
A nossa segunda escolha é mais modesta e algo decadente e retro, mas é esta decadência elegante que o torna único. Lembra-se do filme “The Grand Budapest Hotel”, de Wes Anderson? Na Cúria, Anadia, mesmo junto ao jardim das termas, pode encontrar o hotel Curia Palace, um cenário verdadeiro para aquele filme.
É possivelmente a melhor experiência em Portugal de resort histórico, completamente fidedigno, a lembrar a louca década de 20. A lembrar não, tudo aqui é original, sem réplicas, e as remodelações têm sido feitas com o máximo respeito, para que ninguém nos acorde do sonho.
Mais info aqui.
Fotos dos sites http://www.rotadabairrada.pt e http://visit.uc.pt
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