Tapeçarias de Portalegre expõe em Lisboa
E não é de agora, só em Lisboa é pelo menos desde há 30 anos. Desta vez o que faz a diferença é a sonância conjunta dos nomes expostos
A Galeria Tapeçarias de Portalegre, em Lisboa, tem a decorrer uma mostra de obras executadas com cartões de artistas de nomeada, portugueses como Vítor Pomar ou internacionais como Le Corbusier.
As Tapeçarias de Portalegre devem a sua existência à vontade de um par de estetas visionários, Guy Fino e Manuel Celestino Peixeiro, que na década de 40 resolveram fazer reviver a tradição da tapeçaria de ponto de nó de Portalegre.
São Jorge, Tapeçaria de Portalegre com cartão clássico de Guilherme Camarinha, um dos primeiros artistas a trabalhar com Guy Fino em meados do século passado
Num Portugal amornado pela ditadura do Estado Novo estes dois senhores resolveram agitar as águas e marcar pontos, internacionalmente, frente a toda uma vasta e vetusta produção francesa ou flamenga, com séculos de existência, que até à data eram as favoritas também dos portugueses: logo em 1952 um grupo relevante de tapeceiros franceses veio a Portugal para a grande exposição Tapeçaria Francesa da Idade Média ao Presente e Guy Fino, aproveitando a ocasião, fez expor no SNI duas grandes tapeçarias de Portalegre executas sobre cartões de Guilherme Camarinha.
Os técnicos franceses, convidados a visitar a exposição, renderam-se à técnica e à perfeição do ponto de Portalegre.
D. Pedro I, 200x146cm, e D. Inês de Castro, 200x156cm, sobre cartões de Costa Pinheiro, exemplos da exposição a decorrer na Galeria Tapeçarias de Portalegre, Lisboa
Logo de início foi a escolha aprimorada dos artistas que pintavam, e pintam, os cartões que se transformam em tapeçaria um dos grandes trunfos que faz o sucesso das Tapeçarias; outra metade do sucesso é o próprio ponto de Portalegre, que recebe os cartões com matizes únicos, sejam desenhos clássicos sejam os mais contemporâneos, como bem mostrou Joana Vasconcelos quando em 2012 expôs um “Vitral” em Tapeçaria de Portalegre num enorme arco rebaixado na sua exposição em Versailles.
Vitral, tapeçaria sobre desenho de Joana Vasconcelos, exposta em 2012 em Versailles
Perguntámos a Maria João de Melo, responsável pela Galeria em Lisboa, qual o critério de escolha para estas obras que poderemos admirar até ao fim deste mês: “A galeria expõe em permanência tapeçarias de Portalegre, que vão sendo substituídas consoante a sua disponibilidade e vendas, sem seguir um calendário rigoroso”, e adianta ainda os nomes de que especialmente se orgulha na mostra que agora a Galeria exibe: “Le Corbusier, com a tapeçaria “Le Deux Musiciens”, a nossa peça emblemática, de Armando Alves a peça “Alentejo II”, as “Dom Pedro I” e “Dona Inês de Castro” de Costa Pinheiro, de Tom Phillips as peças “Concerto Grosso”, “World Music I” e “World Music II”, e de Vítor Pomar “Vermelho, Azul verde e Branco”.
Com exceção da de Le Corbusier, a joia desta coroa, todas as tapeçarias estão para venda.
Les Deux Musiciens, sobre cartão de Le Corbusier, uma das joias expostas em Lisboa só para ver, não para comprar
Se puder não perca uma visita à casa-mãe, a Portalegre vai-se sempre bem e vai poder visitar, com marcação prévia, a Manufatura onde as tapeçarias são produzidas. Também aqui, em Portalegre, é possível escolher, comprar ou encomendar a sua.
Para além do ciclo produtivo, pode também visitar o Museu da Tapeçaria de Portalegre Guy Fino, onde há uma exposição permanente deste seu ex-libris. Decorre por agora também a exposição temporária “O Ponto e o Pixel”, que integra tapeçarias da coleção da Manufatura e da coleção da Fundação Portuguesa das Comunicações.
Localidades, horários, todo o catálogo e outra info aqui.
Imagens cedidas pela Galeria.
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