Matadouro: novo espaço de vida no Porto
O que têm em comum os Jogos Olímpicos de Tóquio em 2020 e a cidade do Porto? Um antigo matadouro
Nova Iorque e Copenhaga têm há já algum tempo (NY primeiro, Dinamarca depois) um bairro hipster, onde todos os moderninhos querem viver, seja qual for a renda, apesar de alguma memória histórica menos feliz: parece que a aparente má carga de feng shue de se viver num antigo bairro de matadouros não afasta os fanáticos do que “está na moda”.
Futura vista aérea do novo edificado. Na imagem de abertura, uma das características mais carismáticas do novo Matadouro, a cobertura.
No Porto esse problema não se põe: no antigo Matadouro municipal, em Campanhã, não vai viver ninguém, mas haverá gente a visitar, a trabalhar, a estudar e a curtir. O espaço, industrial como o nome implica, é imenso, com cerca de 23.000m2, e a sua futura característica mais marcante é a cobertura, ondulada e tratada com a fluidez de um tecido. Na realidade, o material a usar são placas cerâmicas, cuja disposição, intercalada com painéis translúcidos e fotovoltaicos, se traduz numa extraordinária leveza.
O futuro Museu da Indústria terá também o seu espaço no Matadouro renovado. Acomodará objetos tanto físicos como virtuais.
O arquiteto é o japonês Kengo Kuma, autor de várias obras marcantes um pouco por todo o mundo, sendo o mais recente o novo Estádio Nacional do Japão, que acolherá a cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos de 2020, em Tóquio. O arquiteto japonês é responsável apenas por uma parte da obra, um audacioso viaduto que cruzará sobre o VCI; o projeto é maioritáriamente desenhado pelos portugueses OODA - Oporto Office for Design and Architecture - , um atelier de Matosinhos, com vasta obra feita e publicada nas imprensas nacionais e estrangeiras.
Passagem central pedonal que atravessará o complexo.
O novo espaço terá como destino ser usado por empresas, antes do mais, mas também haverá espaços artísticos e de lazer, museus – para já a certeza do da Indústria - , auditórios e projetos de coesão social promovidos pelo município. Afinal, 23.000m2 dão com certeza para muita coisa.
Os futuros Restaurante e Laboratório Gastronómico.
Este novo espaço nasceu da vontade inicial da GO Porto, e foi aprovada por 12 dos 13 vereadores sobre a decisão do Executivo.
A construtora designada será a Mota Engil, que fará preservar algum edificado antigo ao qual acrescentará novos espaços, unidos por um telhado comum. Comum entre os espaços, de longe comum de aspeto, que igual a este telhado não há em lado algum.
A Nave Central, onde coexistirão ambos os edificados, o novo e o preservado.
Este tipo de intervenção é um cambiante total, não apenas da forma mas acima de tudo da função do espaço público. O Matadouro articulará com as novas acessibilidades citadinas, como a construção do Terminal Intermodal da Campanhã e a nova ponte que ligará a zona oriental da Invicta a Gaia.
Avenida coberta que junta a nova construção à antiga, preservada.
O projeto inclui uma tão ancestral como inovadora característica das grandes cidades, uma rua coberta que o atravessa de um lado ao outro, fazendo com que os cidadãos naturalmente interajam com o equipamento, mesmo sem o perceberem.
O Matadouro na Campanhã, abandonado como se encontra na atualidade.
O concessionário será responsável pelo equipamento durante um período contratual de 30 anos, findos os quais este passará para a tutela municipal. Mas mesmo durante este período transitório a Câmara terá um seu próprio espaço, de onde fará a gestão de alguma ação cultural e da coesão social associada.
Para saber mais aceda por favor aqui.
Imagens retiradas do site da OODA, os arquitetos nacionais e locais do projeto.
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