Animal Inside Out na Cordoaria
Pensa que já conhece tudo sobre gorilas ou elefantes?Desengane-se, nunca os viu por dentro e a expo Animal Inside Out mostra-lhe tudo debaixo do pelo e da pele.
Mais de 45 milhões de pessoas já viram este leque de exposições itinerantes ao redor do mundo. O que fez tanta gente vir vê-las? O interior exposto dos animais que estamos habituados a ver vivos, no zoo e no Discovery Channel.
A Body Worlds, a empresa de exposições que é também responsável por esta, já antes tinha trazido a mostra “Real Bodies”, em 2015, onde apresentava corpos humanos trabalhados com esta técnica, a plastinação, palavra estranha, mas verdadeira, que nem o corretor automático do ‘Word’ reconhece.
O elefante, um dos espécimes mais concorridos, especialmente devido ao intrincado sistema muscular da tromba, um dos milagres do mundo natural
É graças a esta plastinação que podemos ver na Cordoaria até 23 de setembro mais de 100 exemplares de corpos animais preservados que exibem a sua machina: quão intrincado pode ser o sistema de vasos sanguíneos, como se articula o sistema muscular e como funcionam os vários órgãos de diferentes animais, comparando-os com os dos humanos.
Há de tudo, desde os mais familiares, como cabras, até aos mais exóticos, como girafas, polvos, tubarões e avestruzes.
A avestruz, deixada apenas com as plumas das asas
A mostra divide-se em seis áreas, uma para cada sistema biológico: locomotor, nervoso, respiratório, cardiovascular, digestivo e urinário/reprodutivo. Graças a esta técnica, podemos ver por debaixo do pelo de um gorila o sistema muscular quase de ficção científica, tipo Hulk, os mais poderosos ombros animais da Terra, ou constatar que o pescoço de 3 metros de altura de uma girafa tenha exatamente o mesmo números de vértebras que o nosso.
E afinal, em que consiste a plastinação? É realmente uma coisa roubada ao cinema fantástico e aos Ficheiros Secretos, mas real, inventada em 1977 pelo médico alemão Gunther von Hagens, ele próprio um personagem, por si.
A cabeça e o pescoço de um cavalo, mostram como se articulam e funcionam os músculos
O processo começa por injetar formaldeído pelas artérias do corpo morto para matar bactérias e evitar a decomposição. Depois entra o bisturi e começa a dissecação (e já estamos num plano Dr. Frankenstein), retirando a pele, a gordura e os tecidos de ligação, de modo a permitir a preparação dos elementos e estruturas anatómicos.
Dependendo da complexidade do espécime, a dissecação pode implicar entre 500 e 1000 horas de trabalho.
Duas renas, em posições alternadas do passo de corrida, para que se possa ver como mudam os músculos em cada ponto da passada
Seguidamente é necessário remover a água e as gorduras solúveis do corpo, imergindo o corpo num banho de acetona frio. E finalmente começa o processo de plastinação, via impregnação forçada. O espécime é colocado numa tina cheia de polímero líquido, como silicone de borracha, poliéster ou resina de epoxy. É então criado um vácuo e acetona verve a baixa temperatura. Enquanto esta evapora das células, o vazio vai sendo ocupado pelo polímero líquido, penetrando cada célula individualmente. Este processo demora entre 2 a 5 anos.
Depois desta impregnação a vácuo, o corpo é ainda flexível e pode ser posicionado como desejado. Cada estrutura anatómica é devidamente alinhada e fixada com a ajuda de arames, agulhas, grampos e blocos de espuma. Este trabalho é necessariamente feito por quem tenha o devido conhecimento anatómico, quer humano quer animal, e um refinado sentido estético aliado ao saber académico.
No final esta estátua científica endurece com a ajuda de gás, luz ou calor.
Para saber mais sobre esta exposição clique por favor aqui.
Fotos do site institucional da mostra.
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