A casa de PHILIPPE STARCK em Cascais
O maior designer contemporâneo não resistiu à baía de Cascais e alugou a casa duma família da nobreza portuguesa
Philippe Starck vive em Cascais, em casa alugada à Condessa de Monte Real. É a casa mais “alta” da vila! Está no topo da Avenida D. Carlos I, na esquina com o Largo da Cidadela. Tem uma localização única, mas está construída a escassos metros da rua, quase não tem jardim - apesar de contar com uma pequena piscina onde sobra um estreita faixa de terreno virado a sul.
A casa da Condessa de Monte Real em Cascais onde mora a família Starck
O maior designer do mundo tem 69 anos e nunca deixou de procurar o seu lugar de eleição para viver e trabalhar. Tem ou teve casas em França, Veneza, Formentera... Foi desafiado por amigos a conhecer Portugal e apaixonou-se perdidamente pela baía de Cascais, mais precisamente, como o próprio diz, “pelo pequeno porto da vila”. Fruto dessa paixão à primeira vista, apontou a casa com melhor vista sobre a baía e conseguiu convencer a sua proprietária a alugá-la por uma temporada – já lá vão 5 anos!
Foi a baía e o pequeno porto de Cascais que atrairam Starck a Portugal
A casa da terceira Condessa de Monte Real, Madalena de Melo e Faro, de 78 anos de idade, herdeira do título criado pelo Rei D. Carlos em 1907, viúva e mãe de 4 filhos (entre os quais o único rapaz, Jorge, foi participante do reality show “Quinta das Celebridades” em 2004), foi construída em 1920. O projecto é da autoria do arquiteto Guilherme Gomes e está edificada no lugar do antigo Palácio do Conde de Monsanto, Senhor de Cascais, destruído no terramoto de 1755.
É uma casa do habitual gosto palaciano convertido em casa portuguesa. Branca, cheia de luz e, desde que Starck a alugou, com uma vedação de bambus que disfarçadamente a protege da via pública. Mas este célebre inquilino dos Monte Real mantém uma subtil abertura nessa vedação de bambus que permite uma vista sobre a baía diretamente da sua mesa de trabalho à janela.
É a partir dessa mesa que Philippe Starck desenvolve a sua fértil criatividade que resulta em centenas de objetos, peças de mobiliário, restaurantes, hotéis, barcos, aviões, casas, mas também perfumes e bicicletas.
O designer françês já criou desde aviões a bicicletas e é numa das suas criações que passeia ao fim de semana pela Herdade da Comporta (Fot.:Pibal)
Philippe Starck, em conjunto com a sua quarta mulher, Jasmine, e a sua quinta filha, Justice, de 6 anos de idade, fez de Cascais o seu porto de abrigo e o centro da sua atividade profissional, embora viaje pelo mundo fora em trabalho. E é também no nosso país onde passa os fins de semana, numa outra casa, nas Lagoas, entre a Praia do Pego e a Praia do Carvalhal, na Herdade da Comporta. Ali é vizinho de franceses amigos: o decorador Jaques Grange, a ex-manequim Farida Khelfa e o homem de negócios Henri Seydoux.
O próximo episódio de Starck em Portugal é a construção duma casa alentejana, numa propriedade que já adquiriu na planície de Grândola, onde vai produzir vinho e azeite. Segundo o designer, “Portugal é para sempre, porque já não há outra sociedade com valores humanos, como a portuguesa”.
Philippe, Jasmine e Justice Starck em passeio nas ruas de Cascais (Fot.:CP)
Apesar de Grândola, o designer francês não parece ter planos para deixar de alugar a casa de Cascais, propriedade duma família nobre do final da monarquia, cuja origem do título de Condes, segundo se conta, está num dia de caçada com o rei D. Carlos: ao chegar perto de um riacho, por ser muito forte, o monarca não conseguiu passar.
Então Artur de Melo e Faro, um dos caçadores que o acompanhava, não hesitou, agachou-se e carregou o rei às costas. Como agradecimento, Dom Carlos declarou ali mesmo que aquele prestável súbdito seria conde. "Conde de quê?", perguntou-lhe o carregador, estupefacto. "Conde de Monte Real, porque me montei às tuas cavalitas", respondeu-lhe o penúltimo rei de Portugal, poucos meses antes de ser assassinado.
A casa dos Monte Real foi construída em 1920
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