Metropolitano de Lisboa: arte profunda
Profunda e não só na intenção artística: o Metro faz 70 anos e convidou a Gulbenkian para lhe decorar a festa, debaixo do chão.
A arte saiu do Museu Gulbenkian mas não conquistou a cidade: desceu escadas, percorreu túneis e instalou-se na estação de metropolitano da Baixa-Chiado.
Esta exposição faz parte das comemorações do 70º aniversário do Metropolitano de Lisboa, que decorrem ao longo deste ano de 2018. Surge de uma parceria com o Museu Calouste Gulbenkian e dele pretende dar a conhecer algumas das obras mais emblemáticas das várias coleções do Museu.
As exposições patentes nas estações do Metro de Lisboa apresentam diversas reproduções de obras de artistas como Lalique, Renoir, Amadeo de Souza-Cardoso ou José de Almada Negreiros, e servem de amuse-bouche para as conhecer ao vivo no Museu Calouste Gulbenkian.
Desta forma o Metropolitano de Lisboa convida lisboetas e turistas a visitar, ou revisitar, um dos mais emblemáticos museus de arte portugueses, tão popular que recebe cerca de meio milhão de visitas por ano.
Esta mostra é itinerante, mas nunca sem abandonar as estações do Metro: até 20 de agosto pode encontra-la, como lhe disse, na Baixa-Chiado, até 18 de outubro na estação do Aeroporto, depois no Terreiro do Paço até 18 de dezembro e finalmente, até 18 de fevereiro do próximo ano, na estação Oriente.
O Metropolitano de Lisboa “reafirma assim o seu objetivo no sentido de continuar a promover a cultura e a mobilidade sustentável, seguindo os melhores padrões de qualidade, segurança e eficácia económica, social e ambiental, através da aposta em novas formas de fidelização e de captação de novos clientes”.
Algumas da estações do Metropolitano de Lisboa são já, por si só, pequenas/grandes galerias de arte graças a um esforço que a empresa empreendeu ao contratar grandes artistas para decorar os seus espaços subterrâneos.
Uma das nossas favoritas é a intervenção de Bela Silva na estação de Alvalade: como sempre, são as mulheres o foco principal da artista, quer em temáticas mais ou menos evidentes, como na história tradicional do “Macaco do Rabo Cortado”, quer noutras mais misteriosas e intimistas.
O Aeroporto, uma das mais recentes estações a ser construídas, foi decorada com o excelente trabalho cartoonista António Antunes e destaca-se mais ainda por sair do tradicional formato em azulejo; os cartoons de António surgem em pedras pedra e bege, recortadas a jato de água e montadas depois como se fora pietra dura. Representadas estão as figuras maiores da cultura e do desporto nacionais, sempre ao traço inconfundível de António.
Para além deste exemplos, vale a pena conhecer também as intervenções de Pedro Cabrita Reis, Graça Pereira Coutinho, Pedro Calapez e Rui Sanchez na estação das Olaias, escolhida pela CNN em 2014 como uma das 12 estações de metro mais impressionantes da Europa.
Ou ainda o trabalho de Júlio Resende na estação do Jardim Zoológico, onde composições em amarelo, verdes e azuis espelham a proximidade física da bicharada. Para o chão, Resende escolheu a tradicional calçada portuguesa, com desenhos de longas cobras que orientam o utente para a saída.
Estas são as nossas favoritas, há muitas mais, e todas à distância de 1,45€ - o preço de uma viagem de metro.
Imagens da exposição cedidas pelo Museu Calouste Gulbenkian.
Fotos das estações retiradas do site do Metropolitano de Lisboa.
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