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O Palácio Real Português que é Embaixada dos Franceses em Lisboa

O Palácio de Santos
Por Carlos P hÁ¡ 7 anos

Vários Reis de Portugal, uma Imperatriz do Brasil e diversas famílias aristocráticas viveram naquele que é um dos palácios de Lisboa com mais histórias para contar

 

A história do Palácio de Santos remonta ao tempo dos Visigodos: o nome Santos evoca os três mártires cristãos supliciados no cimo de uma colina de Lisboa, em memória dos quais, no ano de 589, ali foi edificado um templo que acabou por ser destruído.

 

No século XII, D. Afonso Henriques reconstruiu a igreja, cedendo-a à Ordem de Santiago, que construiu um edifício contíguo para ali se alojar. Com a partida dos monges para a reconquista da nação a sul, os edifícios foram transformados num convento para senhoras da nobreza (as Comendadeiras) que, em 1490, o abandonam para um novo convento, tomando então, este edifício o nome de Santos-o-Velho.

 

Aguarela da fachada principal do Palácio de Santos, atual Embaixada de França em Portugal

 

Em 1497, no reinado de D. Manuel I, o palácio é transformado numa residência real, aproveitando a sua excelente localização, virada ao rio Tejo, entre o centro de Lisboa e a emergente zona de Belém, sendo utilizado pelo monarca e por dois dos seus sucessores: D. João III e D. Sebastião.

 

O jardim do Palácio de Santos estende-se em vários níveis e com uma magnífica vista sobre o rio Tejo

 

No Palácio de Santos, em 1510, Gil Vicente apresentou alguns dos seus autos e dele saiu D. Sebastião diretamente  para Alcácer Quibir. Conta-se que na véspera da partida do Rei, depois da missa na Igreja de Santos-o-Velho, o soberano terá tomado a última refeição na mesa de mármore que atualmente ainda se encontra no jardim do palácio.

 

Mesa de mármore que pode ser admirada no jardim do Palácio do Santos, onde D. Sebastião terá tomado a última refeição antes de partir para Alcácer Quibir

 

Após o desaparecimento de D. Sebastião, o palácio é abandonado e, em 1629, é adquirido por D. Francisco Luís de Lencastre, Comendador-Mor da Ordem de Avis, descendente do Infante D. Jorge de Lencastre (filho natural de D. João III), família que manteve o palácio na sua posse por mais de 300 anos e que também acabou por herdar o título de Marquês de Abrantes.

 

Já no século XIX o palácio é restaurado, sofrendo inúmeras alterações. Em 1833, a  Infanta D. Maria Ana de Bragança e o seu marido, o 1º Duque de Loulé, arrendaram parte do palácio. O mesmo aconteceu com D. Amélia de Beauharnais (viúva do rei-imperador do Brasil D. Pedro) que ali viveu entre 1841 e 1849.

 

Com a morte do 8º Marquês de Abrantes em 1870, o palácio foi arrendado ao Conde Armand, ministro de França em Lisboa, que aí instala a sua legação. O governo francês adquire o Palácio de Santos em 1909.

 

Os interiores luxuosos do Palácio de Santos, em Lisboa, atual residência oficial do Embaixador de França em Portugal

 

Os seus salões, decorados com frescos e azulejos raríssimos, contam com uma singular colecção de mobiliário dos séculos XVII e XVIII. Atração principal deste palácio lisboeta é uma pequena sala muito original, de tecto piramidal, integralmente coberto de porcelana do Oriente, a Sala das Porcelanas.

 

O teto piramidal da Sala das Porcelanas no Palácio de Santos, com uma magnífica coleção de porcelanas do Oriente

 

Com um magnífico jardim de vários níveis e vista sobre o Tejo, o Palácio de Santos é residência atual oficial do Embaixador de França em Portugal e referenciado como uma das mais bonitas Embaixadas da República Francesa no mundo. Pontualmente o palácio é aberto ao público para visitas culturais e cedido para eventos no âmbito das actividades das empresas francesas em Portugal.