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Matosinhos: Martins da Costa, uma pietà portuguesa, proletária e modernista

Expo Martins da Costa Matosinhos
Por JoÁ£o GALVÁƑO hÁ¡ 8 anos

Martins da Costa, um dos grandes Modernos portugueses para ver em Matosinhos, a partir de hoje

 

Era um miúdo, estava a acabar o curso de Pintura da Escola de Belas Artes do Porto, mas o acidente com pescadores em 1947 na Praia de Matosinhos marcou de tal forma o jovem João Martins da Costa que o levou a pintar uma das mais belas obras primas da pintura modernista portuguesa.

Nesse ano 4 traineiras naufragaram à vista da praia e de todos quantos os que os esperavam e desesperavam no areal, quando os barcos se aproximavam da barra de Leixões. Nesse dia de inverno afogaram-se nas ondas 152 pescadores, e este facto ficou registado em fotografias e nos jornais da época. E num quadro de um jovem artista que com ele se apresentaria à sua tese de mestrado na década de 40 e que, sem ter de tal ideia, ficaria intimamente ligado para sempre à memória e ao património artístico de Matosinhos. E do país.

 

“Mar Sagrado – Tragédia marítima de 2 de Dezembro de 1947” é um quadro tão sacro quanto profano ao mesmo tempo. Do sagrado percebemos logo uma pièta natural e sentida. E profano porque aquela mãe ou esposa foi verdadeira, e este quadro é quase que uma foto do acontecimento, em direto, de notícia, espontâneo e modernista.

Num país atado a um regime que não gostava muito de artistas logo à partida Martins da Costa conseguiu singrar e fazer-se grande.

Numa sua homenagem, o Museu da Quinta de Santiago em Leça da Palmeira traz a exposição “Martins da Costa ... (d)aquilo que fica” com mais de 40 obras do artista para ver até 28 de janeiro.  Martins da Costa foi bolseiro do Governo Italiano e do Instituto de Alta Cultura, estudou nas escolas de Belas Artes de Roma, Florença e Ravena, onde aperfeiçoou a técnica de pintura mural que lhe permitiu deixar trabalho em vários edifícios emblemáticos, como o Palácio da Justiça do Porto, a Escola de Artes Decorativas Soares dos Reis, o Café Embaixador e a Embaixada de Portugal em Roma.

 

Esta exposição no Museu da Quinta de Santiago em Leça da Palmeira abarca cerca de cinco décadas da produção artística de Martins da Costa, entre a década de 1940 e o final do século XX. A mostra reúne obras dos acervos do Museu Nacional de Soares dos Reis, do Museu da Faculdade de Belas Artes do Porto, do Museu Municipal de Coimbra, da Câmara Municipal de Matosinhos e de alguns colecionadores particulares, incluindo trabalhos de pintura e desenho.

 

Se até agora pensou que no Portugal do meio do século só se faziam bilros e galos-de-barcelos vá a Leça ver esta. E veja a casa que dá lugar ao Museu da Quinta de Santiago, veja lá se não se mudaria já para lá, se pudesse.

 

 

Exposição “Martins da Costa ... (d)aquilo que fica”

De 7 de outubro até 28 de janeiro

Museu Quinta de Santiago

Rua de Vila Franca, 314, Leça da Palmeira, Matosinhos

229 392 410

Terça a sexta, das 10h00 às 13h00 e das 15h00 às 18h00

Sábados, domingos e feriados das 15h00 às 18h00n