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Lisboa, inspiração e recreio de Bordalo Pinheiro

Bordalo na Praça do Municipio
Por JoÁ£o GALVÁƑO hÁ¡ 8 anos
Categorias :
Cultura

Esta é uma espécie de aperitivo da obra do mestre. O resto é para admirar no Museu Bordalo Pinheiro

 

A louça de Bordalo Pinheiro não é, tecnicamente, única no mundo: em toda a Europa do século XIX havia fábricas que com a faiança tentavam replicar as porcelanas mais caras e a que só tinha acesso a elite mais endinheirada. A faiança, de acabamento menos polido e estrutura menos densa, ficava de longe mais barata e era muito mais facilmente reproduzida em molde, resultando assim num produto mais popular e económico, mas nem por isso tão icónico que ainda hoje é um marco nacional.

Rafael Bordalo Pinheiro fotografado na Fábrica das Faianças das Caldas com típico jarrão ao seu estilo único. Foto na Mostra ao Município

 

A diferença entre a faiança das Caldas (a vila onde Bordalo assumiu a direção da fábrica em 1884) e todas as suas restantes congéneres europeias é o espírito sagaz, crítico e artístico de Rafael Bordalo Pinheiro. Era desenhador exímio e ceramista reputado, que lhe valeu em 1884 o título de Diretor Artístico na recém fundada Fábrica de Faianças das Caldas. Mas expressava-se também pelas artes decorativas, na banda desenhada e naquilo a que chamamos hoje design gráfico.

 

Para além deste enorme portfólio artístico, Rafael Bordalo Pinheiro era um homem de valores, e a obra funde-se-lhe com a própria vida. Foi um defensor da República em plena Monarquia e foi sempre solidário na luta contra as injustiças sociais. Toda a sua obra gráfica, e bastante na parte da cerâmica, é uma feroz e audaz crítica social contra o status quo vigente à época. O humor e a caricatura foram as suas armas para divulgar os seus ideais e desmascarar as injustiças e as negociatas políticas.

Espaço expositivo da Mostra junto à Praça do Município

 

Bordalo Pinheiro nasceu e viveu a maior parte da vida em Lisboa – ia de comboio trabalhar na fábrica das Caldas. No final do século XIX, Lisboa era o palco onde se desenrolava a vida política, e onde tudo se decidia sobre a cultura e a sociedade nacionais. Era ao mesmo tempo uma cidade em profunda evolução e crescimento, ditados pela ânsia em acompanhar as novas tecnologias e as exigências da burguesia, as novas regras de conforto e as modas que chegavam da Europa.

 

Através da obra de Bordalo podemos acompanhar todas as grandes modernizações da cidade. O artista brinca (paradoxalmente de forma profundamente séria) com o simbolismo dos espaços da cidade, e usa-os como cenário para aumentar o efeito humorístico da sua crítica política.

Museu Bordalo Pinheiro em 1927, ao Campo Grande. Do arquiteto Álvaro Machado, Menção Honrosa nos Prémios Valmor de 1914

 

Esta pequena exposição, na Baixa, serve como aperitivo a uma visita ao museu que Lisboa dedica à obra de Bordalo. O Museu Bordalo Pinheiro foi o primeiro edifício em Portugal a ser construído de raiz para ser museu, em 1916, e que ainda está em funcionamento. É simultaneamente o primeiro museu monográfico dedicado à obra de um único artista.

Louça da Fábrica de Faianças das Caldas disponível na loja online

 

A louça de Bordalo, mais conhecida por louça das Caldas, está à venda um pouco por todo o lado tal é o seu sucesso ainda hoje. Mas existe uma loja online onde tanto a coleção clássica como os novos modelos, alguns deles gizados pelos maiores artistas nacionais da atualidade, está disponível para compra; aceda por favor a https://pt.bordallopinheiro.com

 

E num post já a seguir, aconselho-o a atravessar a rua e ir aprender com esqueletos, na nova exposição temporária do Museu do Dinheiro.

 

Mostra “Bordalo Pinheiro na Baixa”

Largo de São Julião, à Praça do Município

Até 18 de fevereiro

depois apanhe o Metro e vá ao

Museu Bordalo Pinheiro

Campo Grande, 382

1700-097 Lisboa

21 581 8540