Castro Verde: o único museu de lucernas do mundo
O Museu da Lucerna de Castro Verde é o único museu do mundo dedicado à lucerna
A lucerna era a candeia de azeite usada pelos romanos para iluminar o espaço doméstico, sendo ao mesmo tempo objeto votivo, como hoje em dia fazemos nós os católicos com as velas, que iluminam e agradecem.
Castro Verde, no meio da planura alentejana, é uma região que há dois mil anos ocupava uma posição estratégica nas rotas comerciais romanas e não só. Foi também ponto estratégico para as civilizações das Idades dos Ferro e do Bronze que ocuparam esta região.
O Museu da Lucerna abriu em 2004 e tem um espólio único em todo o mundo; para saber mais falámos com o Diretor da instituição.
Pode apresentar-se, por favor?
Chamo-me Manuel Maia, tenho 72 anos, sou Arqueólogo e Conservador de Museu. Ainda que o meu primeiro trabalho tenha sido realizado no Ribacôa, há 47 anos que a minha investigação se tem realizado no Sul de Portugal e foi reconhecido pelo sr. Presidente da República Dr. Jorge Sampaio, que me agraciou com a a condecoração de Oficial da Ordem de Mérito.
Fui durante 13 anos docente na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
Quantas lucernas tem o acervo do Museu?
Apesar de a coleção do Museu da Lucerna ter sido resultado de uma escavação no Santuário de Arannis (Santa Bárbara de Padrões) em 1994, por falta de meios, ainda não temos um inventário completo, tendo, no entanto, a noção de que possuiremos entre 10 mil e 20 mil exemplares
Podemos dizer que este é um espaço único no mundo?
O Museu da Lucerna é, na realidade um espaço único no Mundo, não só por ser o único Museu dedicado apenas a este tipo de peças como por ter a maior coleção com origem no mesmo local: um depósito votivo secundário do Santuário de Arannis.
Como foi possivel obter tão vasto espólio?
Arannis foi um santuário que nasceu a partir de uma nascente de água medicinal (termas). Nesse santuário a partir de os inícios do século I a.C. começaram-se a oferecer lucernas como hoje se oferecem velas. As candeias foram produzidas em todo o Mediterrâneo Ocicental.
Na sua opinião enquanto local, para além do seu Museu, que mais motivos temos para rumar a Castro Verde?
Para além do Museu, é obrigatória a visita à Basilica Real, decorada com paineis setecentistas de azulejos representando cenas da mítica Batalha de Ourique.
Com pena nossa não aconselho a visita às ruinas de Santa Bárbara de Padrões porque, pela falta de verbas, tem escavações interrompidas subitamente e estão ao abandono por parte da autarquia.
No Museu da Lucerna pode ainda visitar até setembro a exposição temporária “1000 Anos de Mediterrâneo em Castro Verde, Séc. V a.C. – Séc. V d.C.” que aborda a presença Fenícia na região de Castro Verde e sua envolvente. Em destaque a escrita e o alfabeto, raízes dos nossos atuais.
Terça a domingo, 10h00-12h30 e 14h00-17h30
Encerra à segunda-feira e nos feriados
Dispõe de visitas guiadas
Entrada gratuita
Largo Vítor Prazeres, Castro Verde
Tel: 286 327 414
Fotos cedidas pelo Museu da Lucerna
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