Santo António para ver depois das Festas
Depois de junho e do cheiro a sardinha assada espalhado pela cidade, esta exposição serve a quem não foi à procissão e que ,depois de a ver, a não irá perder para o ano.
Foi uma das melhores coisas que Lisboa ganhou nos últimos tempo: um encantador rés-do-chão num edifício Arte Nova, de ferro forjado, curvo tão à época, e vidro, transformado em galeria de exposições temporárias, que a EGEAC (a empresa pública responsável pela agenda cultural oficial de Lisboa) gere em função das datas mais importantes da vida cultural de Lisboa.
A decorrer até 30 de setembro está agora a exposição dedicada à Procissão de Santo António em Lisboa, montada como se decorresse (como decorre), por sobre a colina de Alfama. Como figurantes podemos encontrar os bonecos de barro dos irmãos Baraça, de Barcelos, 300 figurinhas que retratam fielmente os devotos anónimos e as restantes personagens com maior ou menor importância social do povo lisboeta.
A Procissão de Santo António – não esta, a outra, a verdadeira – decorre todos os anos a 13 de junho, o dia do Santo, e marca o calendário das festas da cidade desde o século XVIII.
É uma genuína demonstração de fé e devoção, e não é raro haver populares a experimentar algum êxtase místico mais exacerbado, chegando mesmo alguns, em mais que uma ocasião, a ver milagres, como o sol a andar à roda, ou o céu mudando de cores. E não são tão poucas estas ocasiões, muitas vezes reportadas pela imprensa do dia seguinte.
Este Santo António de Lisboa é o mesmo de Pádua, onde estudou e está sepultado na Basílica a que dá o nome. Foi frade franciscano e foi em Pádua que se distinguiu como culto orador e amigo dos pobres e necessitados, era um franciscano, afinal.
Mas se em Pádua António brilha como um dos Doutores da Igreja, académico e austero, em Lisboa, onde nasceu, numa casa sobre a qual foi construída a sua igreja, junto à Sé, o santo tem fama de namoradeiro e de pôr as raparigas a fugir das fontes onde lhes arrulhava, fazendo-as quebrar as bilhas de água, na pressa da fuga.
Por este motivo é no dia de Santo António que decorre uma festa popular, as Noivas de Santo António, quando é celebrado na sua igreja um casamento múltiplo, a que concorrem centenas de nubentes e dos quais é escolhido um pequeno grupo, que a Igreja de Santo António não é assim tão grande.
Por esta galeria já passaram várias exposições, sempre a um tema relevante para cidade na dada altura: foi assim com as Sardinhas – também a propósito das festas de junho – e com a pequena mostra sobre o génio de Bordallo Pinheiro, para nos tentar a ir conhecer o Museu que a cidade lhe dedica, ao Campo Grande.
Já sabe, se não foi à procissão deste ano, vá ver a exposição que lhe é dedicada, servirá de aperitivo para a experiência real.
Galeria de exposições temporárias da EGEAC
Largo de São Julião, à Praça do Município
Frente ao Museu do Dinheiro, que vale também a visita
Mais info aqui.
Imagens colhidas pelo repórter.
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