Obra de Bruno Bastos em exposição no Radio Palace
“S/Título” vai estar no Radio Palace até 30 de Maio
O fato da sua obra não ter título é propositado?
Sim. Não achei que fosse necessário porque a ideia era representar de certa forma uma mimésis moderna como se fazia no passado. As obras não eram nomeadas, os nomes não importavam. O que importava era o que faziam. E havia aquela questão de representarem a natureza como era e eu tentei pegar nisso e fazer uma versão moderna. Então a ausência de título foi uma decisão pensada. Depois, a questão aqui era fazer uma mimésis moderna, ou seja, assumir os materiais, a forma como foi construído. Por isso é que deixei a peça enferrujar, até lhe apliquei um produto para enferrujar mais, deixei as soldas como estão. Não as quis excluir. Quis que a peça falasse por si, de certa forma. Nós podemos olhar para isto e perceber que isto representa uma árvore e, que ao mesmo tempo, é feita de ferro. Tem ferrugem, foi soldada. As peças foram cortadas e montadas.
Quanto tempo lhe demorou a conceber esta obra?
Boa pergunta. Demorou uns dois meses a ser feita. Isto começou em Fevereiro, já com o conceito, e só em Julho é que terminei a peça. Demorou um bocadinho, mas penso que correu bem [risos].
Fale-nos do seu percurso.
Inicialmente estava em informática. Mas senti que não era o percurso que queria fazer e entretanto também me apaixonei por arquitetura. Decidi que era isso que queria fazer e fui para artes. Uma das pessoas que me inspirou mais a seguir artes foi o Le Corbusier. A minha ideia era seguir arquitetura, então fui para o Liceu Pedro Nunes e comecei a apaixonar-me pela área. Penso que é uma transição que acontece com muita gente que vai para artes. Pensa que vai fazer uma coisa, mas começa a experimentar de tudo um pouco e lentamente vai moldando os seus gostos.
Entretanto acabei o secundário e chegou a altura de ir para a Faculdade de Belas Artes. Inscrevi-me em duas disciplinas, Arte e Multimédia e depois Escultura, em segundo lugar. A questão foi eu não ter conseguido entrar em Arte e Multimédia, porque à última hora um professor decidiu mudar a nota e por duas décimas não consegui entrar. Mas calhou bem. Depois fui para Escultura. Ainda estava com ideia de mudar, mas depois comecei a apaixonar-me. Porque eu já tinha experimentado antes, mas nunca nada a sério. O nosso ensino também não é o ideal para experimentar.
Comecei a perceber que a escultura era algo de que gostava muito e que puxava por mim. Porque muitas vezes as pessoas quando estão na faculdade têm uma abordagem muito do género “ok, tenho de fazer isto por obrigação”. E isso acaba por desmotivar muitas vezes. Mas a escultura acabou por ter o efeito contrário em mim. Estava a fazer os trabalhos e estava a gostar do que estava a fazer e comecei a apaixonar-me pelo curso e fiquei até ao fim. Entretanto tenho tido algumas exposições, tem corrido bem. Estou agora a tirar outra licenciatura, em Design, mas não sei se entretanto não vou tirar um mestrado também. Eu gostava de trabalhar nas duas áreas. Escultura é a minha paixão, Design seria algo mais para complementar. Uma espécie de plano B.
Onde é que já expôs as suas obras?
Já expus na galeria Adão, que fica no Barreiro, já expus na Faculdade de Belas Artes, no Palácio do Marquês de Pombal e agora aqui.
Quem é Bruno Bastos?
Lisboa, 1993. Reside no concelho de Almada e estuda em Lisboa. Formação: Concluiu em 2016 a licenciatura de Escultura na FBAUL. Exposições colectivas: Open day ADAO (Associação de Artes e Ofícios), Barreiro, Abril 2016; “Escultura IV” Faculdade de Belas Artes, Lisboa, Abril 2016; Galerias Abertas da Faculdade de Belas Artes (GABA), Lisboa, Abril 2016; Do Convento Ao Palácio, Palácio do Marquês de Pombal Oeiras, Março/Abril 2017.
A obra de Bruno Bastos, “S/Título” vai estar em exposição no Radio Palace até dia 30 de Maio.
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