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Açores: um paraíso a caminho da América

O paraíso nos Açores
Por Joana CIDADES hÁ¡ 8 anos
Categorias :
Turismo Portugal

Descobertas por acaso em 1431 as Ilhas dos Açores estão prontas agora para serem descobertas por si

 

Por João Galvão

 

É a escapada perfeita de três dias para sair da Velha Europa sem grande trabalho. As Ilhas dos Açores são nove, mas para aproveitar ao máximo estas 72 horas cinja-se apenas a duas, as restantes ficarão para a próxima e estas servem perfeitamente como aperitivo para desejar voltar com mais tempo. E este arquipélago merece, mesmo, todo o tempo que queira cá passar.

 

As ilhas que escolhemos são o Faial e o Pico, pela proximidade entre ambas, pela especial beleza com que se namoram uma à outra e pelo fácil acesso do continente. A viagem pode ser feita pela Azores Airlines e pela TAP, e pode custar a partir de cerca de €200, ida e volta, se comprada com alguma antecedência. A viagem demora 2h45, afinal o arquipélago fica a um terço da distância em linha reta entre Lisboa e Washington, no meio do vasto Atlântico.

 

O tempo parece não querer passar na ilha do Faial, que se estende preguiçosa frente à do Pico. Esta tem no seu centro a montanha mais alta de Portugal, que lhe dá o nome, com 2.351 metros de altura. A humidade atmosférica encontra as ilhas no seu caminho e condensa-se em seu redor, e por tal o Pico está sempre envolto num manto fofo que desliza por si abaixo, mudando de cor com a altura do dia. Depois do horizonte atlântico, feito de todos os azuis e verdes do universo, a vista para o Pico é o melhor da ilha do Faial. Mas o manto fresco cobre também esta na maior parte dos dias, o sol aberto não é tão comum como no continente.

Não existem muitas praias de areia no Faial, mas há uma, negra de vulcão e pontilhada por grandes pedras roladas e suaves, que compensa a ausência das outras. É a do Almoxarife, junto a um dos mais simpáticos parques de campismo que alguma vez conhecerá. Mas mesmo sem praias de areia a costa do Faial tem várias praias nascidas do engenho do homem, aproveitando o bordado com que a rocha vulcânica das antigas erupções contornou a ilha ao longo de milénios. Destas destacamos a do Varadouro, onde para além de uma para adultos, meio aberta à ondulação por vezes arisca do oceano, existe uma para adultos mais medrosos, com uma larga janela por onde entra a maré, e outra completamente fechada para crianças.

 

O Peter Café Sport é daquelas referências clássicas de que pelo menos já se ouviu falar. É um bar de mar, feito à medida de velejadores, e dizem estes que “se fores à Horta (município do Faial) e não fores ao Peter não vistes a Horta na realidade”. Fica frente à marina onde aportam iates vindos de todo o mundo – afinal, tanto para um lado como para o outro não há muitos mais sítios onde se atraque.

 

A ilha é húmida, quase tropical. Por isto é toda verde, e mais esmeralda que a Irlanda, e cheia de flores, que rebentam por todo o lado espontaneamente. Todas as estradas são ladeadas por belas hortênsias, que variam de azul para roxo e púrpura, passando por um exótico roxo comonão há em mais lado algum.

A arquitetura é colonial, de casas grandes e baixas, e rematada a rocha vulcânica, preta e porosa. De vez em quando os sinos roubam as canções aos milhares de pássaros que nas restantes horas enchem o ar de canto variado e melodioso.

 

Se a sua onda gastronómica for peixe, saiba que este também é o paraíso para os caçadores submarinos. Em duas horas apenas apanhámos peixe para quatro dias, e todos daqueles que namoramos no supermercado mas que assustam no comprimento do preço: vejas, garoupas, peixe-porco e deliciosos salmonetes, todos de olhos a brilhar e a saber ainda a mar quando os jogámos na grelha.

 

Por €7,20, ida e volta, e meia hora do mais fresco e salutar ar que existe, aportamos na Madalena, na Ilha do Pico, também ela vulcânica, e por isso cheia de ocorrências geológicas naturais interessantíssimas. No lugar da Barca, mais um onde o homem roubou uma piscina ao mar, podemos ir beber um copo de vinho do Pico agora tão na moda, no bar Cella, já premiado pela plataforma Archdaily como Edifício do Ano 2016.

Ainda não são muitos os estrangeiros a visitar o Faial, mas já se lhes sente a presença. Venha antes que sejam mais que os ilhéus, enquanto o encanto ainda existe e é realmente arrebatador.

 

A ilha tem muito onde ficar; para nós, descobrimos A Casa do Lado, um hostel recente, elegante mas sem peneiras, junto ao mar e no centro da Horta, e que ocupa uma grande casa tradicional. Tem 14 quartos e custa em época alta €60 o quarto duplo. Acha caro? Venha então na época baixa, em que a noite custa €30 e a ilha continua irresistível.

 

Lembro-me de um texto de Sue Townsend, a autora do diário de Adrian Mole, onde contava que quando lhe perguntaram para que país estrangeiro gostaria de ir de férias, respondeu “não, prefiro ir para um lugar agradável”. É assim que me sinto em relação à ilha do Faial.