SMUP, sociedade das poltronas escolhidas

Por JoÁ£o GALVÁƑO hÁ¡ 8 anos

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Fica na Parede e é um clube aberto a toda a gente. A SMUP é agora o meu destino de outono para o fim da tarde

Não há nada mais simpático que uma poltrona. Talvez haja sim, tipo 8 poltronas. E se lhe juntar dois sofás longos tem a receita para uma casa longe de casa. A SMUP, Sociedade Musical União Paradense, fica como indica a sigla na Parede, junto à paragem do comboio, e está-se lá como em casa.

Descobri-a quando procurava um sitio onde o meu filho pudesse aprender música sem me rebentar com o orçamento doméstico. E para além de uma boa escola de música, descobri uma sala longa e ampla que evoca os tempos em que não havia televisão em casa e as pessoas podiam sair à noite sem serem agredidas por porteiros de bar maldispostos, em esteroides.

A SMUP foi fundada em 1899 por um grupo de cidadãos residentes na Parede, tendo como finalidade a formação musical e cultural dos cidadãos. Tem mesmo desde essa data a sua própria banda filarmónica e pouco tempo depois foi criada uma escola de música que pode ainda hoje ser frequentada por qualquer pessoa, seja qual for a sua condição ou estatuto socioeconómico. E nem precisa de ter o seu próprio instrumento: a criança chega, começa a aprender solfejo, a base de qualquer artista musical, e depois, em função da apetência e do talento, é encaminhada para um instrumento. E, porque é esta a finalidade última da escola de música da SMUP, com sorte e talento, a criança integrará a Banda residente.

Enquanto se espera que a aula acabe (ou não, não precisa de ter um filho como desculpa para frequentar a bela sala da SMUP), pode abancar numa das inúmeras poltronas vintage do espaço, e usar a seu bel-prazer a biblioteca leve-um-livro-deixe-um-livro acondicionada num móvel que qualquer um de nós levaria para casa sem deixar outro no seu lugar.

A sala tem algumas mesas de snooker, como qualquer clube que se orgulhe de o ser, e um bar. Há um piano de parede para quem se queira aventurar e praticar o que aprendeu na aula na sala ao lado. O tema musical do espaço, aliás, começa logo no foyer, onde uma enorme tuba faz as vezes de candeeiro de teto.

Para os hipsters a quem poltronas, snooker, cerveja e livros não matem o desejo, o restaurante Sociedade, que partilha o número da porta e o quintal com a SMUP, abre um pouco mais de possibilidades gastronómicas. O layout está perfeitamente integrado na SMUP, refletindo uma espécie de gosto operário mas refinado, como uma cantina chique.