Rota Bordaliana: louça à solta pelas Caldas
Gosta da louça de Bordalo? Conheça a Rota Bordaliana e veja as peças que fugiram da fábrica e tomaram a cidade de assalto
O diretor artístico chegava às Caldas de comboio. Bordalo Pinheiro apeava-se, ajustava a luneta, cofiava o bigode e ia para a Fábrica rua acima. Pelo caminho deveria pensar sobre o bicho ou o personagem social que teria sobre o torno, fosse o gato arrepiado que via numa soleira, fosse o polícia que descia a rua abanando o cassetete.
Foi desta condição que atou permanentemente o nome Bordalo à cidade das Caldas da Rainha que nasceu a nova Rota Bordaliana gizada pela autarquia. A começar no Largo da Estação, a primeira estância no caminho da fábrica, com uma belíssima fonte onde as Rãs, pequenas, grandes e gigantes repuxam alto jatos de água. Aqui se iniciam as duas Rotas, porque são afinal duas, uma longa e outra mais curta.
A mais curta demora cerca de uma hora e no passeio podemos ver as peças à escala humana, e outras em tamanho XL, produzidas especificamente para a Rota: para além da Fonte das Rãs, podemo-nos cruzar com a Ama, o Padre Cura, Abelhas enormes e desmesurados Caracóis ou mesmo com um bando de Macacos nas árvores do Parque D. Carlos I.
Todos os ‘personagens sociais’ na rua, perto dos transeuntes, estão cobertos por caixas de acrílico transparente, para prevenir vandalizações e roubos; afinal, estas esculturas são únicas e por isso certamente muito desejadas.
Entre peças cobertas, e outras soltas pelas fachadas ou pelos jardins, são 14 as estações desta visita.
A longa, para levar mais tempo e saber mais sobre o artista, a obra e o espírito da época, leva em média duas horas a percorrer. Engloba, para além das peças da Rota curta, edifícios com painéis e fachadas de azulejo da época, muitas da pena do artista e da sua equipa, que fazem das Caldas uma cidade única e de visita obrigatória. Ao longo da Rota foram colocados quadros onde se podem ler episódios da vida de Rafael Bordalo Pinheiro, com destaque para a obra e reflexo desta na cidade.
Ambas as Rotas terminam na Fábrica – como o caminho do diretor artístico terminava também – de onde será impossível sair sem dois sacos cheios de louça: os preços são por vezes absurdamente baixos e as peças irresistíveis.
Todo o percurso está disponibilizado numa aplicação para o telemóvel acedendo a CityGuide Caldas da Rainha.
Imagens cedidas pelo Município
Artigos Relacionados
- Populares Recentes