Festival Al-Mutamid, a música do al-Andalus
No Algarve o Festival Al-Mutamid percorrerá 7 cidades divulgando música e dança árabes, tão nossa herança
Português algum alguma vez poderá não gostar da cultura árabe, pela simples razão que é também a sua cultura. O Festival Al-Mutamid, que percorrerá o Algarve (até o nome Algarve é árabe) durante um mês, é bem prova desta nossa costela comum.
O Al-Mutamid começa já hoje, a 26 de janeiro, prolonga-se até 24 de fevereiro e este ano atinge a maioridade. Foram 18 anos consecutivos que o tornam um dos festivais mais antigos da região.
Como sempre trará a música, a dança e as artes que durante séculos fizeram o cenário dos bazares, das medinas e do Garb al-Andalus. São quatro espetáculos diferentes que passarão por 7 cidades, de um lado ao outro da faixa dourada Algarve: Lagoa, Vila Real de Santo António, Loulé, Albufeira, Silves, lagos e Olhão.
Grupo Samarcanda, traz músicas do Magrebe e do Médio Oriente, a ver na Lagoa e em Vila Real de Santo António
Foram 18 anos consecutivos a dar a conhecer mais profundamente a música árabe-andalusi e oriental, com grupos especializados nos sons do al-Andaluz (tudo isto afinal), e também nas músicas e danças do Médio Oriente, do Magrebe e do Mediterrâneo Oriental.
Perguntámos a João Pedro Vieira, diretor artístico do Festival, porque se chama este Al-Mutamid:
“É uma homenagem ao rei poeta al-Mutamid, filho e sucessor do rei de Sevilha Al-Mutadid. Al-Mutamid nasceu em Beja, em 1040, e foi nomeado governador de Silves com apenas 12 anos, tendo aí passado uma juventude refinada. Em 1069 acedeu ao trono de Sevilha, o reino mais forte entre os que surgiram no al-Andalus após a queda do Califado de Córdoba.”
Grupo Al-Bashirah, música árabe, giro sufi e dança tanora, a ver em Loulé e Lagos
E que artistas destaca?
Destacaria o grupo Al-Bashirah. Trata-se de um grupo de música árabe-andalusi composto por músicos da Síria, reunindo as diferentes escolas de música andalusí e as diferentes culturas musicais do mundo árabe. O grupo dispõe de um amplo repertório composto por nubas de música andalusí, as muwashawat sírias, música espiritual sufi e as mais belas melodias turcas. Al-Bashirah faz-se acompanhar do bailarino sírio Ahmad Arifa que interpreta magistralmente a dança espiritual sufi dervish e a dança tradicional de Egito denominada Tanora.
Ser já a 18ª edição é um orgulho?
Naturalmente é um orgulho enorme manter este festival ininterruptamente ao longo de quase 2 décadas.
Imagens da edição passada, em 2017
O Algarve não é longe, isto é um país pequenino, vale mesmo a pena ir aos espetáculos que conseguir. O Algarve é a mais árabe das províncias pela simples razão de ter sido a última a ser reconquistada. É histórica e sensorialmente o sítio onde este festival faz mais sentido: as casas brancas, as laranjeiras, as chaminés trabalhadas como pequenos minaretes e toda a doçaria à base de amêndoas e mel. E ajuda tanto ser a província mais ao sul, sempre morna e solarenga, o ano todo, até agora quando o resto do país gela. Como os árabes gostaram.
Conheça todo o programa aqui.
Fotos cedidas pela produção
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