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O MUDE expõe em Belém

Expo Tanto Mar
Por JoÁ£o GALVÁƑO hÁ¡ 7 anos
Categorias :
Cultura

Para expor sobre “Tanto Mar - Fluxos transatlânticos” o MUDE ficou mais perto do Brasil

 

Quando Chico Buarque escreveu a cantiga “Tanto mar” o Brasil vivia agonias e Portugal encontrava a Liberdade. Na letra de Chico perpassava a ideia da necessidade da partilha e do encontro entre os dois países. Hoje em dia, com o que vemos nas notícias sobre o que se passa no Brasil, esta exposição poderia ser facilmente mais uma variante da cantiga.

Calçada de Copacabana, por Roberto Burle Marx em 1970

 

A mostra “Tanto Mar – Fluxos transatlânticos do design”, que pode ver a partir de 10 de março no Palácio dos Condes da Calheta, no Jardim-Museu Agrícola Tropical, a Belém, foi buscar à cantiga de Chico Buarque a forma e a intenção. Nasce antes do mais da troca de olhares e de ideias das duas curadoras da exposição: Bárbara Coutinho, portuguesa e diretora do MUDE, e Adélia Borges, brasileira, escritora e gestora cultural.

Banco Mocho, por Sérgio Rodrigues em 1954 e Cartaz do filme Brasil Verdade, por Fernando Lemos em 1964

 

O assunto desta conversa/exposição entre ambas é a cultura e o design de cada país, e a curadoria foi vivida de forma dinâmica e aberta, recebendo o contributo de outros investigadores e estudiosos, de ambas as margens do Atlântico. A exposição assenta especialmente na produção do design português e brasileiro nos séculos XX e XXI, apresentando no entanto outras fases históricas, antigas como o período da colonização.

Azulejos "Crescendo", por Add Fuel em 2018

 

“Tanto mar” não pretende esgotar aqui um tema tão vasto e complexo, intenta antes sugerir um tecido histórico e social de várias culturas e tempos, constituindo-se como um espaço para o reconhecimento da amplitude e riqueza do português. São assim propostas múltiplas coordenadas de um mapa de fluxos entre Portugal e o Brasil, realidade que ao longo da história teve inúmeros cambiantes, envolvendo, com muita frequência, a África, omnipresente na história de ambos os países pelas melhores e pelas piores razões.

Capa Utopia, por Storytailors em 2016 e Cadeira de Raul Lino para a Casa do Cipreste em 1912

 

O exposto traduz-se em 160 peças das mais diversas tipologias, com o design sempre como parcela em comum: fotografias e desenhos, mobiliário, vestes e acessórios, objetos decorativos, utensílios, ferramentas e publicações. Estão presentes ao todo 95 autores dos dois lados do Atlântico e de várias gerações; há ainda uma significante presença de “autores anónimos”, provenientes sobretudo das culturas populares e dos universos artesanais, que merecem ser assinalados.

Calçada Mar Largo, por Fernando Conduto em 1998 e Candeeiro por Cláudia M. Salles em 2015

 

Até esta mudança temporária do MUDE também para o Palácio dos Condes da Calheta -  enquanto o belo edifício do MUDE da Rua do Ouro é intervencionado - o Jardim Tropical era visto pelos lisboetas como uma joia esquecida pela tutela, dado o estado de quase abandono e incúria.

Pelo menos por isto, por lhe trazer mais visibilidade e lhe devolver uma parte merecida da sua importância, tiramos o chapéu (aqui talvez o toucado de plumas?) ao MUDE e a Bárbara Coutinho.

Cadeira Brasil, por Joaquim Tenreiro em 1960 e "Tanto Mar", pormenor, por Manuela Pimentel em 2018

 

 

Exposição “Tanto Mar - Fluxos transatlânticos do design”

10 de março a 15 de julho

Palácio Dos Condes da Calheta

Jardim-Museu Agrícola Tropical

Belém

 

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