25 (dias) de abril a festejar revoluções
Organizada pela EGEAC, e com a Mulher em pano de fundo, a festa do 25 de abril conquista Lisboa e derruba fronteiras
Este ano a programação do Abril em Lisboa dura 25 dias e traz um olhar mais atento às histórias das mulheres. Começa já hoje, dia 6, no Parque das Nações, Alameda dos Oceanos, com a exposição no espaço público “Gaza Girls: Growing Up in the Gaza Strip” (Raparigas de Gaza: Crescer na Faixa de Gaza), da autoria da fotojornalista Monique Jaques, que oferece uma perspectiva sobre as vidas de mulheres jovens que crescem e chegam à idade adulta no convulsionado território do Médio Oriente.
O Teatro do Vestido, de 13 a 21 de abril, traz a reflexão “Elas Também Estiveram Lá – Quotidianos de Resistência e de Revolução de Mulheres”, numa sala antiga dos tempos do visionamento prévio. Ser-nos-á oferecido o testemunho de mulheres acerca da sua vivência durante a ditadura do Estado Novo, no dia da Libertação e de como foi o processo revolucionário que se lhe seguiu.
Ao longo de toda esta temporada específica e dedicada, também no Cinema São Jorge, desdobram-se iniciativas várias de todos os tipos, muito para além das fitas, desde uma possibilidade de falar cara a cara com os deputados que nos representam na Assembleia da República e de lhes poder dizer tudo o que nos apetece, numa espécie de speed dating rotativo com a duração de 5 minutos (dá tempo para lhes dizer muita coisa, não dá?) até a uma noite de Fado Bicha, de que os responsáveis apenas adiantam ser “um projeto subversivo e experimental”.
O segundo espaço eleito para comemorar a Liberdade é o Museu do Aljube, Resistência e Liberdade, e se calhar deveria ser o principal, se pensarmos o 25 de Abril como aquilo que realmente foi e é (é, não é? espero que sim, que ainda seja). O programa incluirá uma recolha de testemunhos de ex-prisioneiros e de resistentes à ditadura. Decorrerão também visitas guiadas, teatro, e uma nova exposição temporária, “José Dias Coelho – Artista Militante Revolucionário”, dedicada à vida e obra do artista plástico e funcionário clandestino do PCP. Tinha 38 anos quando, em 1961, uma brigada da polícia do regime o assassinou a tiro em Alcântara, numa rua que hoje tem o seu nome.
Foto ilustrativa da mostra no Museu do Aljube: "Tipografia Clandestina", desenho de José dias Coelho, realizada para o jornal Avante! nº304, 1ª quinzena de agosto de 1961, GES / PCP, gentilmente cedida pela Direção do Museu
No dia mesmo, o 25 de Abril, a grande grande Teresa Salgueiro apresentará no Teatro Baldaya - uma recente e excelente recuperação de edificado histórico – o seu recente e já premiado “Horizonte”, onde Teresa se afirma (como se ela precisasse) como compositora e letrista. Para além do seu trabalho, Teresa Salgueiro renderá homenagem ao dia, interpretando Amália, Carlos Paredes e Zeca Afonso. O melhor? É de borla.
Teresa Salgueiro, "Horizonte", para ouvir no Palácio Baldaya no 25 de Abril
A finalizar a nossa curta escolha propomos aquilo que, no todo das festas, nos parece mais democrático, popular e comunitário, como queremos a Revolução de Abril: um piano, na rua, no meio das pessoas, disponível para “Liberdade Para Tocar”. Quem quiser, um de nós, senta-se ao piano, de uso livre, num ponto especialmente escolhido, como na Praça do Comércio, no Carmo, na Praça do Município, no Torel, em coretos de jardim, pela cidade, e toca o que lhe vai na alma e nas mãos.
A lista de coisas a acontecer e de sítios é enorme, pode vê-la toda aqui.
Ilustração da abertura, que faz o cartaz das comemorações, por Evelina Oliveira
Fotos do site lisboanarua.com.
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