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“De Tomar e dos Conventos”, a capital da gula

Doçaria Conventual em Tomar
Por JoÁ£o GALVÁƑO hÁ¡ 7 anos

Vai já a meio um dos festivais mais calóricos do país. Calórico mas imperdível, cheio de tradições de Tomar e histórias da História nacional  

 

Até 30 de abril, Tomar é o destino mais doce de Portugal. Durante um mês, 18 pastelarias da cidade reúnem-se numa mostra que dá a provar mais de 30 doces locais e conventuais. 

 

Espadas de D. Gualdim, Barrigas de Iria, Pimpinelas, Estrelas de Tomar, Janelinhas do Capítulo, Nabantinos, Telhas do Convento são apenas algumas das delícias celestiais que podem encontrar-se nas pastelarias da cidade. Mas há muitas mais. Tantas quantos os dias para experimentar todas as iguarias: um mês inteiro para saborear esta doçaria rica e secular. E com nomes tão provocadores quanto Beija-me Depressa ou Bolos de Cama. 

Bolinhos "Beija-me depressa"

 

A doçaria tomarense, quase toda à base de gemas de ovos, açúcar e amêndoa, tem uma longa tradição de inspiração conventual. Das suas receitas destacam-se as singulares Fatias de Tomar, um doce de ovos e açúcar que, diz a lenda, era a sobremesa preferida dos frades do Convento de Cristo. As Fatias de Tomar são confecionadas apenas com gemas de ovo batidas e cozidas em banho-maria, numa panela concebida para o efeito, fabricada exclusivamente na cidade templária.  

As tradicionais e seculares "Fatias de Tomar"

 

A 10.ª edição da mostra de doçaria tomarense promete uma verdadeira viagem no tempo, na qual é difícil resistir à tentação e ao pecado da gula. “De Tomar e dos Conventos” é uma iniciativa do Município de Tomar, em parceria com as pastelarias locais.

 

A 25 de abril, a mostra de doçaria sai para a rua. É dia de “Doce Passeio Doce”, no qual as pastelarias da cidade expõem e vendem as suas especialidades na Praça da República, das 15h00 às 18h30.

"Castanhas", disponíveis em todo o país, mas seguramente melhores neste contexto

 

Esta tradicional e antiga forma de doçaria nasceu dos séculos em que parte relevante do tecido socioeconómico português foi desenvolvido pelas Ordens Religiosas terratenentes. A Coroa cedia a estas vastas parcelas de território, e as Ordens, por sua vez, arrendavam-nas ao populares que pagavam renda sob a forma de produtos agrícolas e animais obtidos nessas terras.

 

Junte a isto um número vastíssimo de monges e freiras gorduchos, mais ou menos desocupados, carentes e gulosos. Foi meio caminho andado para a criação deste tipo de gastronomia única, feita de gemas, amêndoas e licores tentadores, de que os religiosos se absolviam rezando terços, ajoelhados sobre grão-de-bico.  

 

No século XIX os conventos e mosteiros das Ordens Religiosas foram extintos. Mas as receitas mágicas e antigas, de 40 gemas e pontos de açúcar cronometrados ao segundo, ficaram para sempre. E são por si um roteiro turístico que muito vale a pena percorrer. Engorda sim, engorda muito, mas é o que se leva desta vida terrena. E Deus, na sua infinita sabedoria divina, também isto perdoa e releva.

 

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Fotos cedidas pela organização