Um concerto Suave no MusicBox
É já hoje que pode ouvir o novo “Português Suave”, ao vivo no MusicBox. Por Suave, Nick Suave, o entertainer que quis ser coveiro
Há quanto tempo és entertainer?
Entretenho as pessoas desde que me lembro. No meu primeiro dia de aulas na escola primária a professora atrasou-se 15 minutos (nem todos podemos ser bons profissionais) e eu aproveitei para me apresentar aos meus novos amigos metendo-me em cima de uma cadeira a instigar as hostes a bailar. Um pouco depois a professora chegou, perguntou-me o nome e se ela o decorou bem - passámos os próximos anos a testar os nossos limites mas, lá está, eu já era um tipo muito profissional. Ganhei essa guerra, devia ser um chato do caraças. Isto tinha mesmo a ver com o quê? Ah, comecei a compor e a gravar discos por volta dos meus 19 / 20 anitos, ou seja há uns 20 anos.
Breve e romanceado percurso profissional?
Em 1995 acabei o secundário e fui vender casas numa imobiliária, durante uns meses. Um pouco mais tarde não aceitei uma proposta muito fixe, algo que me arrependo até aos dias de hoje: ser coveiro num cemitério aqui no Barreiro. Trabalhei em design, telemarketing, help desk, a fazer cabos de rede para uma empresa de electrónica numa cave em Belém (desculpa mas não sei o nome desta profissão), na biblioteca da faculdade de direito, como arrumador de carros na expo 98 (mais uma vez, isto tinha um nome e uma farda correspondente, mas não me lembro da definição). Andei pela faculdade nos cursos de Filosofia na FCSH, Professor de Educação Musical, Promoção Artística e Património e formei-me em Gestão e Dinamização Cultural na Etic. Depois abri um estúdio e comecei a fazer música, gravar bandas e a ser o Nick Nicotine - profissão que me consumia todo o tempo do mundo.
Como te defines como artista?
Sou muitos artistas, alguns em processo de descoberta pessoal, ainda não te sei responder. O Nick Suave é, acima de tudo, entertainer e uma pessoa muito pouco consciente de si mesma, daí responder na terceira pessoa. Pretende apenas ser um bom anfitrião numa festa quente. No entanto, trabalha por camadas - a epiderme, mais visível e superficial, tem que exalar essa felicidade e energia. Por baixo existem, aqui e ali, camadas mais interessantes, mas cabe a cada um decidir se quer escarafunchar.
O que podemos encontrar sexta feira no Musicbox?
Lá está, uma festa enorme, é o que pretendemos. Estamos muito ansiosos para poder tocar as canções ao vivo - andamos a mostrar o single desde Fevereiro e não estamos acostumados a tanta ação virtual, somos mais dados à ação efetiva. Há, portanto, alguma tensão e isso costuma ser porreiro. Eu aconselho o pessoal a dar lá um salto, comprar o disco e pagar-nos um copo - não se vão arrepender.
Quem te acompanha no concerto?
Na baliza, Fred Ferreira, baterista extraordinário e omnipresente (Buraka Som Sistema, Orelha Negra, Banda do Mar). Na defesa temos o lindo Cláudio Fernandes, no baixo. Eu jogo no centro do meio campo, a distribuir jogo, nas teclas, guitarra e na voz. No ataque joga o Ernesto Vitali, guitarrista goleador que, juntamente com o Cláudio, também faz os corações pulsar nos Pista. Para ajudar a equipa há de juntar-se o Alex D’Alva Teixeira para uma canção surpresa.
É fácil, mais agora com o boom que Portugal conhece agora, ser músico em Portugal?
Um músico não faz, nunca, qualquer esforço para o ser. Aliás, muitas vezes tem que fazer um esforço para se esquecer que é músico. Com boom, sem boom, os músicos fazem música, sempre, em Portugal, na Indonésia, em qualquer lado, com qualquer tipo de instrumento. Este boom de que falas tem mais a ver com aspectos que se relacionam com o mercado, com a promoção, com o acesso aos trabalhos uns dos outros, uma certa ilusão criada pelas redes sociais. Não penses que estou a desprezar o período que vivemos, quero apenas deixar claro que, para mim, há uma grande diferença entre o ato da criação artística (inevitável em qualquer época) e os assuntos relacionados com áreas mais mundanas. De qualquer forma, considero esta uma época apaixonante, a melhor de todas: estou vivo. Todas as outras épocas (aqueles anos em que ainda não estava vivo e todos os outros que, eventualmente, vou passar morto) perdem um pouco em relação a esta época, se tivermos esse pormenor em consideração.
Porque se chama este trabalho Português Suave? Lembro-me que eram os cigarros mais bonitos em Portugal.
Foi um piscar de olho ao meu antigo nome profissional, Nick Nicotine. Tem essa leitura. Por outro lado, é um disco em português, escrito e cantado por um gajo que claramente cresceu nas ruas do Barreiro e da Baixa da Banheira, um português simples, que canta o amor, de uma forma suave. Portanto, casou tudo muito bem. Era o maço de tabaco mais bonito, para mim, e uma das minhas marcas favoritas quando era fumador. Se formos por aí o próximo disco podia chamar-se “Gigante”, na boa.
E porque te chamas tu Suave?
Só há duas hipóteses: ou este crooner é um tipo suave ou quer enganar alguém. É ouvir e ver ao vivo e retirar conclusões. Depois podem enviar-me os relatórios ou, lá está, pagar um copo no fim do concerto, com preferência para esta última hipótese.
Em Lisboa com Nick Suave
Gosto de Lisboa porque...
... não tenho que lá viver nem trabalhar. Em modo turístico é uma cidade linda.
Em Lisboa não passo sem...
... pagar portagem.
Só trocaria Lisboa por...
... um t3 no Barreiro.
Em Lisboa não resisto a...
... comer um gelado na Davvero.
O melhor sítio para jantar em Lisboa é...
... no Gravatas, em Carnide.
E para continuar noite adentro...
... a dançar ao som do Baile Todo no Cais do Pirata.
A melhor vista de Lisboa é...
... a partir da Avenida da Praia, no Barreiro.
Gosto de Lisboa mas...
... Sesimbra também não é de se mandar fora.
Nick Suave sem filtro
Quem é que convidarias para um jantar ideal?
Os meus amigos.
O que tem sempre que haver num espaço teu?
Música.
E o que nunca pode lá entrar?
Gente má onda.
O que te faz rir?
Quase tudo. Sou um bocado difícil de aturar.
O que é que te aborrece muito?
Fascistas, principalmente os que não percebem que o são.
Sempre que podes, fazes o quê?
Cozinho para os amigos.
Se mandasses no mundo o que decretarias já?
Liberdade para que todos possam viver a vida que querem, como querem.
Apresentação ao público do trabalho “Português Suave”, por Nick Suave
Hoje, às 22h30, no MusicBox
Rua Nova do Carvalho, 24
1200-014 Lisboa
Telefone: 21 347 3188
Custo dos bilhetes: 6 euros ou 10 euros com CD incluído, comprar aqui
Todas as fotos por Vera Marmelo, exceto a última, por BigBadBigos
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