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Chapelaria Azevedo Rua, uma loja de se lhe tirar o chapéu

Entrevista Chapelaria Azevedo Rua
Por Inês ALMEIDA hÁ¡ 8 anos
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Entrevistas

“Estas lojas mais antigas, com mais história, fazem parte da identidade de Lisboa”

 

Conheça a Chapelaria Azevedo Rua, uma das lojas mais antigas de Lisboa, pelas palavras de Pedro Fonseca, trineto do fundador.

 

 

Quantos anos soma a Chapelaria Azevedo Rua?

 

A nossa loja é de 1886, faz agora 131 anos. Eu sou trineto do fundador da loja. Chamava-se Manuel Aquino de Azevedo Rua. Agora já não tenho o nome de Azevedo Rua, mas sou da família. A loja esteve sempre na mesma família, que hoje em dia já se divide em três famílias diferentes. Mas nunca saiu da mão da família do fundador.

 

 

As pessoas continuam a comprar chapéus?

 

Sim, continuam. Houve uma altura que não estava tanto na moda, caiu um pouco em desuso. Mas hoje em dia já se usa bastante, já está outra vez na moda.

 

 

Pedro Fonseca

Pedro Fonseca

 

 

Que tipos de clientes têm?

 

Nós temos clientes habituais, porque a loja já é muito antiga. Temos gente que vem cá há 50 ou 60 anos, desde pequeninos. E depois temos os netos desses clientes, os filhos. Já temos várias gerações de clientes habituais e fixos. Depois temos muito turismo, dado que Lisboa está cada vez com mais turistas. E nós estamos mesmo no centro da cidade, por isso é normal que os turistas venham visitar a nossa loja.

 

 

Fazem parte das Lojas Históricas da iniciativa da Câmara Municipal de Lisboa, correto?

 

Sim, nós somos uma das lojas fundadoras desse programa. Somos das mais antigas. Nós, a Confeitaria Nacional, o Nicola, a Luvaria Ulisses… Agora já há mais, já adicionaram umas quantas. Acho que são uma 60 e tal. Mas de início eramos 16 ou 17.

 

 

Chapelaria Azevedo Rua

 

 

Em que medida é que esta iniciativa tem feito a diferença?

 

É bom estarmos a pertencer a esta iniciativa, mas nós, felizmente, não necessitamos de certas medidas que foram criadas. Eles criaram a lei do arrendamento para as lojas históricas, para proteger um bocadinho estas lojas. Porque começou a haver situações em que se queriam fazer hotéis e, para isso, precisava de demolir as lojas que estavam em baixo. Neste momento há uma maior proteção em relação a isso. Nós, sinceramente, nunca tivemos essa necessidade, felizmente temos uma situação financeira favorável. Mas há outras lojas que estavam com mais dificuldades e que beneficiaram de um fundo. Estas lojas mais antigas, com mais história, fazem parte de Lisboa. Antigamente não havia apoio nenhum sequer, hoje em dia já começa a haver este género de apoios para preservar a identidade da nossa cidade, porque se não qualquer dia há apenas cadeias de lojas internacionais que se encontram em qualquer sítio. Os turistas quando vão passear a outros países querem ver as coisas próprias da cidade, e não propriamente as lojas que têm em todo o lado.

 

 

Quais são os produtos que mais saem na chapelaria?

 

O que mais vendemos são os bonés, para as pessoas com mais idade. Os panamás, os chapéus de palha, vendem-se muito no verão. Temos chapéus de feltro, também. As bengalas também se vendem bastante. Quase tudo se vende bem, as pessoas conhecem-nos não só pela qualidade, mas também pela variedade de oferta que temos. E nós somos das poucas lojas especializadas só mesmo em chapéus. Porque há outras lojas que vendem chapéus, mas não têm muitas medidas. Nós aqui tentamos ter as medidas todas e quando não as temos encomendamos ou tentamos fazer, para satisfazer sempre o cliente.

 

 

Chapelaria A<evedo

 

 

E em termos de matéria-prima, os fornecedores têm mudado ao longo dos anos?

 

Sim, tem havido uma evolução, mas isso é como em todas as indústrias. Quando a loja foi fundada, os chapéus eram feitos aqui, manualmente. Hoje em dia não se pode fazer assim, porque não há pessoas que o façam e nem sequer conseguíamos dar vazão à quantidade de pedidos que temos. Têm de ser feitos em fábricas, isso mudou um bocado. Hoje em dia já é tudo muito mais industrializado. São feitos em fábricas maiores, porque não é possível fazê-los de forma artesanal. Já não há quem faça chapéus manualmente hoje em dia, em Portugal.

 

 

Porque é que acha que as pessoas devem vir à Chapelaria Azevedo?

 

Mais que não seja para visitar. Porque é uma loja bonita e que pertence à cidade de Lisboa. Nós temos alguns guias turísticos que vêm cá quando fazem a voltinha pela zona da Baixa, pelas lojas. Portanto, mais que não seja para visitar. Depois, se sentirem necessidade ou vontade, podem comprar também.

 

 

Chapelaria Azevedo Rua

Endereço: Praça Dom Pedro IV 73, 1100-202 Lisboa

Horário: 09h30 às 19h00, de segunda-feira a sexta-feira, das 10h00 às 19h00 ao sábado (encerra ao domingo)

Telefone: +351 21 342 7511