Dias da Música no CCB inspirados em Bosch
Nestes Dias da Música de 2018 o CCB traz o Ciclo Hieronymus Bosch, tirando os Pecados do Mundo
Serão Dias da Música com tanto mais que música. A ideia é fazer um Festival em forma de tríptico, a partir da obra de Bosch: Castigos, Culpas e Graças Divinas. Tudo a decorrer como nos Dias da Música anteriores, no CCB em Belém, dias 21, 26, 27, 28 e 29 de abril.
O triptíco Jardim das Delícias Terrenas, de Bosch, aqui fechado, mostrando a obra A Criação do Mundo, que faz o cartaz destes Dias da Música
A programação tematiza o legado perturbante e enigmático de um dos maiores pintores do século XV e procura declinar alguns aspetos e leituras suscitadas pela sua obra, que tem apaixonado inúmeros pintores e historiadores de arte.
Marie Chouinard traz uma sua coreografia elaborada a partir de O Jardim das Delícias, um tríptico que ainda hoje alimenta a nossa perplexidade. A bailarina recria em palco, à imagem do quadro, um cenário feérico surrealizante, uma espécie de freak show que não deixa, contudo, de propor uma reflexão sobre o bem e o mal do espetáculo Mundo.
A peça coreografada por Marie Chouinard, inspirada no Jardim das Delícias Terrenas de Bosch
Esta reflexão estende-se com a exibição do documentário El Bosco, El Jardin de los Sueños, uma coprodução do Museu do Prado, realizado por José Luís Lópes-Linares no âmbito da comemoração do V Centenário da morte do pintor, e nomeado a um dos prémios Goya do cinema espanhol.
Será também o momento para ouvirmos dois dos maiores especialistas na obra de Bosch, Pilar Silva Maroto, do Museu do Prado, e Joaquim Caetano, do Museu Nacional de Arte Antiga.
Esta dimensão de redenção da humanidade perante a sucessão de comportamentos pecaminosos é materializada nos Dias da Música também através da projeção de filmes, um para cada dos Sete Pecados Mortais, outra das pinturas mais conhecidas de Bosch: de Stanley Kubrick, que com o filme “De Olhos Bem Fechados” ilustrará a Luxúria, a Orson Welles que traz a Soberba com a fita de 1942 “O Quarto Mandamento”, de Jacques Tati e a Preguiça, com o filme “As Férias do Sr. Hulot”, a Scorsese com o mais recente “O Lobo de Wall Street” e o pecado da Avareza.
Frame do filme O Quarto Mandamento, por Orson Wells em 1942, a fita que ilustra o pecado da Soberba
Mais que a mera ilustração de um catálogo de pecados, a proposta é colocar em confronto objetos cinematográficos tão díspares quanto a pluralidade de leituras suscitadas pela noção do bem e do mal, uma viagem pelos domínios obscuros de um ‘mundo às avessas’, tão Bosch afinal, como possível caminho propiciatório para a salvação do Homem num mundo repleto de pecados tentadores.
Pluralidade ainda de leituras que terão a sua materialização na programação destes Dias da Música que, estruturada como um tríptico do Mestre, persegue e celebra as tentações terrestres e a sua redenção, como se poderá escutar em A Criação, de Haydn, no Gianni Shicchi, do Tríptico de Puccini, no Caim ou o Primeiro Homicídio de Alessandro Scarlatti ou n’Os Sete Pecados Mortais, de Kurt Weill.
Todo o programa aqui.
Imagens cedidas pela instituição.
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