60 metros de História Natural para specere
Quando um Museu expõe as Reservas é aconselhável visitá-lo. Se for o de História Natural de Lisboa, torna-se imperativo. Venha ‘specar-lo’
Specere é a palavra que em latim traduz "olhar" ou o "resultado de olhar". É assim que o Museu Nacional de História Natural e da Ciência, da Universidade de Lisboa (MUHNAC-ULisboa), nos cativa para ir visitar a exposição Specere, olhando e sentido a diversidade do mundo natural. Vai encontrar um peixe capturado numa expedição pelo Rei D. Luís, um outro cuja origem é a Antártida, um mocho Bufo-real coletado em 1886 em Fornos de Algodres ou uma Cobra-lisa-meridional que data de 1862.
Estes são alguns dos mais curiosos espécimes que a exposição Specere nos traz e que carregam consigo a História da História Natural.
Desde ontem que a mostra decorre num longo corredor de 60 metros, ao longo dos quais poderá ficar a conhecer mais de 1000 espécimes que "saltaram" das reservas das coleções para o olhar do público.
As coleções de história natural são normalmente conhecidas pela beleza e diversidade. Não tanto pelo potencial de transmissão de conhecimento e menos ainda pela sua aplicação no nosso quotidiano como em estudos sobre alterações climáticas, saúde pública, biossegurança, monotorização ambiental, prospecção farmacêutica e de novos recursos, ciência forense, entre outros.
Neste sentido, esta exposição tem como objetivo dar a conhecer ao público a diversidade das coleções de história natural do MUHNAC e do Instituto de Investigação Científica Tropical – IICT – compostas por um total de 1,3 milhões de espécimes, incluindo coleções geológicas, botânicas e zoológicas.
Mas não é apenas – o que já não seria pouca coisa – este sofisticado catálogo biológico que a mostra oferece: faz dela também parte integrante o trabalho diário de preparação e preservação necessários para a sua manutenção e, acima de tudo, destacar a importância e utilidade que estas têm para a ciência e para a sociedade.
Judite Alves, a comissária científica da exposição e responsável pelo Departamento de História Natural do MUHNAC, explica que a principal novidade desta exposição é a “abordagem”, ou seja, noutras exposições “os espécimes são normalmente mostrados enquadrados numa problemática específica de cada exposição, mas aqui o foco são mesmo os espécimes e o valor científico que cada um encerra”.
Mais adianta Judite Alves que por isso “é importante as pessoas compreenderem a razão do investimento que se faz para manter estas coleções e perceberem, por um lado, que as coleções são parte do nosso património científico e cultural, mas também que têm um valor concreto para a sociedade, já que permitem abordar questões muito relevantes para a sociedade como as alterações globais, a conservação da biodiversidade, a monitorização ambiental, só para mencionar algumas”.
Rochas, minerais, fósseis, aves e mamíferos naturalizados, conchas, insetos, folhas de herbário, coleções em meio líquido incluindo invertebrados marinhos, peixes e répteis e anfíbios são alguns destes espécimes de coleções do MUHNAC e do IICT que estarão patentes na nova exposição Specere, a qual na sua construção envolveu 21 curadores de coleções de história natural.
Não tem que ir já a correr, esta é uma exposição que não tem data final prevista.
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Fotos por LFLopes
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